Colecionar cosméticos nas prateleiras do banheiro não parece ser a melhor ideia para cuidar da pele, muito pelo contrário. Com a tendência das rotinas de mais de 10 passos que se popularizaram há alguns anos, a tendência minimalista que permeia muitos aspectos de nossas vidas é também a alternativa mais eficiente quando se trata de cuidados faciais. Menos é mais e nem usar mais produtos nem comprar os mais caros são fórmulas de sucesso garantido.
As desvantagens do maximalismo cosmético
Na verdade, o maximalismo no campo da beleza pode trazer mais inconvenientes do que benefícios se não houver uma prescrição correta. Prova disso é a tendência predominante entre os dermatologistas de reduzir os passos e a quantidade de cremes que são recomendados aos pacientes. Por razões físicas – o excesso de ingredientes ativos pode acabar sufocando a pele – e psicológicas.
“Nas consultas a gente vê que se a gente recomenda rotinas muito complexas, com muitos passos, a adesão é menor. Geralmente falhamos porque os pacientes geralmente não têm tempo para fazer a rotina. E justamente os resultados obtidos com o uso de cosméticos são vistos a médio-longo prazo. Quanto mais fácil fizermos, mais consistência haverá e os resultados serão vistos”, diz a dermatologista Natalia Jiménez em entrevista à Vogue Espanha.
Ou seja: ter que aplicar menos produtos garante adesão ao tratamento e melhores resultados. E de forma colateral, traz alguns benefícios a nível mental ao reduzir a ‘obrigação’ da lista de tarefas diárias.
Mas além da questão psicológica e da probabilidade de cumprir todas as etapas, evitar o excesso de ativos também é fisiologicamente benéfico. “Assim como comemos o que precisamos, o que nos faz bem, o que gostamos... por que não seguimos essas premissas no cuidado da pele? De nada adianta reforçar a hidratação em uma pele que não está desidratada ou aplicar cosméticos anti-manchas em uma derme polida. A pele deve receber o que precisa em cada estágio, em cada momento, reavaliando sua condição a cada 10-12 semanas para se reajustar. O tratamento excessivo é ineficiente do ponto de vista médico e econômico”, diz a Dra. Lidia Maroñas, especialista em dermatologia estética, também à revista.
Na verdade, não estamos falando apenas de adicionar etapas desnecessárias, mas também de causar um efeito contraproducente. “O uso de muitos produtos pode causar a chamada pele asfítica, ou seja, com os poros obstruídos, com um tom baço, com cistos de milia… Às vezes, olhamos apenas para o princípio ativo de um produto (retinol, vitamina C…), mas também todas as fórmulas contêm excipientes para este protagonista ativo. E se você usar cinco produtos na mesma rotina, estará aplicando uma tonelada de ingredientes. Há pessoas para quem isso não é um problema, mas há momentos em que pode levar a uma pele sobrecarregada. Por outro lado, com a pele reativa e sensível, quanto menos produtos usar, menos chance de irritação terá”, explica Ana Santamarina, especialista em dermocosmética e criadora da Santamarina Cosmetics.
De fato, Luisa Rincón, terapeuta da The Beauty Concept, reserva rotinas maximalistas com várias etapas e ativos apenas para pessoas com grande conhecimento do que a derme realmente precisa e sempre sob a supervisão de um profissional. “Às vezes acreditamos que a quantidade nos dará resultados mais rápidos, e isso é um grande erro”, diz.
A importância da escada cosmética
Nesta concepção reducionista do cuidado facial, é necessário abordar a chamada escada cosmética, como aconselha a Dra. Jiménez. Ou seja, aquelas etapas essenciais que não devem ser renunciadas.
“Referimo-nos à limpeza de manhã e à noite, mesmo que não usemos maquiagem, pois é necessário eliminar vestígios de poluição e secreção sebácea; antioxidantes matinais como vitamina C ou ácido ferúlico; creme hidratante se necessário e proteção solar. E à noite, ativos com capacidade de renovação da pele, como retinol, alfa-hidroxiácidos, ácido azelaico... tudo conforme a necessidade”, enumera a dermatologista.
E em relação a um dos produtos de cuidado facial cujo uso é mais questionado, o contorno dos olhos, Jiménez é direta. “Não costumo recomendar aplicá-lo duas vezes ao dia. De fato, em pessoas com bolsas, usá-lo à noite pode piorá-las. Uma vez por dia, após a limpeza, é o suficiente”.
Rotinas ABC
Outro conceito que ganha espaço nessa consciência dermocosmética é a rotina do ABC que, como explica Santamarina, remete a três ativos essenciais que não devem faltar, principalmente depois dos 30 anos.
“Vitamina A, ou seja, retinol, o princípio ativo antienvelhecimento por excelência. Vitamina B3 ou niacinamida pelo seu poder antioxidante e capacidade de melhorar o tom da pele. E vitamina C antioxidante. Você não pode errar com isso”, promete.
Além disso, nesse esforço reducionista, os especialistas não descartam o uso de produtos 2 em 1 – como protetor solar com cor para evitar o uso de base – ou cosméticos que contenham vários ingredientes ativos ao mesmo tempo, se esses forem o que a pele precisa. E, acima de tudo, lembre-se da reflexão feita pela Dra. Jiménez: “Nem sempre os produtos mais caros são os melhores para a nossa pele, nem os melhores resultados obtidos com o uso de mais cremes.” Rotinas realistas adaptadas a cada necessidade são o caminho para uma pele saudável e bonita.
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