O Big Brother Brasil 2022 fez sua estreia na noite dessa última segunda-feira, 17, e alguns comentários dos participantes já começaram a gerar polêmicas nas redes sociais. A de maior repercussão, no entanto, foi a fala da participante Natália, onde a sister comentou que o povo negro “veio para o Brasil escravizado porque eram eficientes, fortes e bons no que faziam”.
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O discurso deixou muitas pessoas descontentes com a participante e diversas personalidades, pesquisadores e militantes do movimento negro, se manifestaram apontando que a afirmação de Natália era equivocada e que precisava de atenção. Mas porque uma fala como essa pode ser considerada problemática e gerar um debate como o que vem acontecendo nas redes sociais?
Para entender melhor as implicações da fala de Natália, o NOVA MULHER conversou com a jornalista, professora e militante do Círculo Palmarino, uma organização do Movimento Negro, Ana Claudia Mielke. Para a professora, discurso de Natália é uma representação de uma formulação sofisticada sobre o racismo à brasileira.
“Não se trata de uma fala de desconhecimento, mas de uma fala de convencimento. E este convencimento está ligado diretamente ao mito da democracia racial no Brasil. Esse discurso desresponsabiliza os sujeitos que construíram todo um sistema de exploração econômica e que desobriga o Estado a produzir políticas de reparação histórica para os grupos historicamente subalternizados. É um discurso que até pode parecer inofensivo, mas não é”, explica.
Ana Claudia, assim como outras personalidades nas redes sociais, aponta ainda que devemos lançar um olhar atento para o fator da educação no Brasil. Segundo a professora, nosso país carece de um sistema de ensino mais emancipatório e que aborde a História da África, como é previsto em lei, para que a possamos evitar esses tipos de discursos equivocados.
“Sem dúvidas, grande parte dos discursos que vemos hoje no Brasil, de retrocessos políticos pautados na desinformação sobre a história, não ganhariam fôlego se tivéssemos uma educação emancipadora nos bancos da escola, uma educação que de fato reconhecesse e implementasse o ensino de História da África e seus descendentes, como prevê a Lei 10.639”, completa Ana Claudia.
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