Vira e mexe algumas comparações entre a primeira e segunda versões de ‘Pantanal’ ganham a atenção e o debate do público. Isso porquê, como muitos sabemos, a novela foi escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida pela primeira vez em 1990, na extinta TV Manchete.
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Mas apesar de não aparentar ter tantas mudanças assim e ser bem fiel a versão original, o remake escrito por Bruno Luperi (neto de Ruy Barbosa), guarda sim algumas diferenças em relação ao sucesso dos anos 1990.
Se analisarmos com atenção e nos debruçarmos em detalhes até imperceptíveis, notamos que há, sim, uma grande quantidade de alterações no folhetim. Afinal de contas, existe ainda o fato de a trama avançar nada menos que 32 anos entre uma história e outra.
As modificações abaixo listadas pelo site OFuxico não seguem necessariamente uma ordem cronológica da novela.
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TROCA DE NOMES
Se na primeira versão de ‘Pantanal’ a namorada de Jove chama-se Nalvinha (Flávia Monteiro), no remake a personagem foi batizada de Nayara para “ficar mais atual”. Isso porque lá em 1990, a jovem não passava apenas de uma menina mimada. Na versão de agora, ela ainda recebeu um “up grade”: por querer ser famosa, leva uma vida intensa ao se entregar por inteiro às redes sociais, o que provoca sérios problemas. Quem agora dá vida a personagem é a atriz Victoria Rossetti.
GUTA LÉSBICA?
Guta, interpretada pela atriz Julia Davila, é uma mulher contemporânea, se mostrando com uma mentalidade bem à frente da de seus pais. Na primeira versão, a jovem vivida por Luciana Adami tem sua sexualidade questionada pela mãe. Para provocar a dona de casa, ela diz ser “sapatão”, termo usado na época para designar mulheres homossexuais. Já na versão de Bruno Luperi, a expressão é substituída por “lésbica”. Ainda assim, Bruaca (Isabel Teixeira) ficou chocada com a provocação da filha.
ESTILO DE VIDA
Tão logo pisou no Pantanal pela primeira vez, Jove (Jesuíta Barbosa) foi convidado pelo pai, José Leôncio (Marcos Palmeira) para participar de um festa e saborear um churrasco. Diante do presente, o jovem recusou alegando não comer carne por ser vegetariano. Na versão original embora Jove (Marcos Winter) comesse carne, ele preferiu comer com prato e talheres, algo bem diferente do que costumava ocorrer entre os peões.
MUTAÇÃO DE MARIA MARRUÁ E VELHO DO RIO
A forma que Maria Marruá (Cássia Kis) se transformava em onça na versão de Benedito Ruy Barbosa é também outro ponto a ser notado. Em 1990, o rosto da mãe de Juma (Cristiana Oliveira) era encoberto por uma figura do animal graças a computação gráfica. No remake, a TV Globo decidiu fazer diferente: a emissora faz um jogo de câmera, isto é, toda vez que ela se transforma em onça, a câmera muda o ângulo e, ao retornar para a atriz, já traz a imagem de um felino. O mesmo acontece com o Velho do Rio (Osmar Prado) quando ele quer se transformar em sucuri.
PERSONAGEM INÉDITA
Em breve, um novo rosto será apresentado em ‘Pantanal’. Trata-se da atriz Gisele Reimann, que fará uma participação especial como Ingrid, mãe da fotógrafa Érica (Macela Fetter). No remake, o papel é inédito, não constava na obra original. Na versão exibida em 1990 na TV Manchete, Gisele viveu a própria Érica, personagem que teve envolvimento amoroso com José Lucas (Paulo Gorgulho) e acabou engravidando do filho mais velho de José Leôncio (Claudio Marzo).
NASCIMENTO DE JUMA
Só os que têm uma boa memória puderam notar diferença na chegada de Juma ao mundo. Na primeira versão, Maria não queria criar a filha, tanto é que decide colocá-la em um barco para a correnteza do rio levar a criança embora. Há 32 anos, durante o nascimento, o céu se ilumina e Maria salva a filha de ir para longe, mas sem enfrentar a sucuri. Na versão de agora, o acontecimento é praticamente o mesmo, a diferença é que Maria virou onça e salvou a filha do ataque da temida serpente.
AS REDES SOCIAIS
A popularização das redes sociais no Brasil veio muitos anos após a estreia da novela na Manchete. O neto do novelista Benedito Ruy Barbosa quis explorar no remake a reflexão sobre os males do exibicionismo nas redes sociais. O tema já pôde ser visto entre Madeleine (Karine Teles), que no início da segunda fase da novela tornou-se influenciadora digital. É o mesmo caso da personagem Nayara (Victoria Rossetti). O assunto fecha com a presença do terapeuta comportamental Gustavo (Caco Ciocler), que além de se envolver amorosamente com as duas, está ali para tirá-las da fixação que ficarem ligadas 24 horas na web.
HOMOFOBIA E MACHISMO
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Bruno Luperi jogou luz para os temas citados acima. “Quando eu fui lendo [o roteiro original], fui vendo o que envelheceu mal de 30 anos pra cá, o que faria mal para a história e o que mudaria o eixo dramático e a interpretação sobre o caráter dos personagens. Foi [feito] um trabalho de formiguinha em todos os diálogos”, disse ele, se referindo a uma briga de Joé Leôncio e Jove quando pai e filho se encontram no início do remake.
“Tento buscar na adaptação alguma vertente, algum personagem que possa explicar pra gente o que aquilo significa hoje. Então, a Filó (Dira Paes), nesse caso do Zé Leôncio renegar o filho por uma questão de sexualidade, de ele não ser o homem, o macho que ele esperava de um filho, a Filó tá ali pra dizer: ‘Mas que diferença isso faz? Você não queria um filho que ficou buscando esses anos todos?’”.
RACISMO
Além de ter incluído um núcleo de atores negros para formar a segunda família de Tenório (Murilo Benício), o autor vai além e explica a discussão do racismo que em breve irá ao ar. Na versão de 1990, os outros parentes do empresário era toda branca. “Largar uma família hoje não tem aquele peso que tinha 30 anos atrás. Precisava ter um motivo agora pelo qual o Tenório não assumiria a Zuleica, e nisso, pegando esse personagem que é o nosso antagonista, que flerta muito o imoral, ele tem essa consciência escravagista muito forte dentro dele, de explorar o outro, de ser o espertalhão, de dar o golpe, de manter os outros sob o seu jugo”, explicou.
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