“Pobres Criaturas”, dirigido por Yorgos Lanthimos, tem 11 indicações ao Oscar e provavelmente dará a Emma Stone seu segundo prêmio nesta categoria. E apesar de ser uma brilhante paródia de ‘Frankenstein’ para muitos, para outros é totalmente “repugnante” devido à sua mensagem subjacente.
Isso porque o personagem de Stone, Bella Baxter (alerta de spoilers), é uma mulher com cérebro de bebê que descobre o mundo através do sexo. Tanto é que ela se torna uma prostituta.
E para alguns, é abominável ter relações sexuais com uma mulher que tem a mente de uma criança, ou como diria o crítico de cinema Krystoff Racinzky, "romantiza a prostituição".
Este também é o desconforto que muitos têm: por que isso parece engraçado ou normal?
Por outro lado, outro crítico como Carlos Boyero, da ‘Cadena Ser’, disse que o filme lhe parecia “nojento”, embora lhe tenham dito que estava fora de moda.
E se a história já foi contada antes?
Na verdade, é um arquétipo que está presente até em ‘Remédios la Bella’, de Gabriel García Márquez, e em muitos ícones de ficção científica onde há um robô ou máquina inocente do mundo que descobre tudo através dos homens e cuja ‘maldade’ ou natureza os supera, como acontece com o personagem de ‘Cem Anos de Solidão’.
Mas no caso de Bella, o que se destaca é que ela avança sem eles, causando-lhes danos por não poder possuí-la de forma alguma. É assim que a conta feminista Jacarandas coloca.
"Na ficção científica, há uma fantasia masculina muito apreciada: a 'nascida sexy ontem'. Trata-se de uma mulher irresistivelmente atraente, com a mente de uma criança pequena, a quem o protagonista masculino 'ensina' sobre o mundo. 'Pobres Criaturas' satiriza isso muito bem", explicam.
“Mas em ‘Pobres Criaturas’, eles jogam isso pela janela e mostram de forma crua como um homem reagiria de verdade ao ver uma mulher que ele idealizava como ‘inocente’ se tornar astuta e se libertar dele: uma reação visceral e possessiva, não disposta a aceitar sua sabedoria”, afirmam.
E vocês, o que acham da história de Bella Baxter contada por Yorgos Lanthimos? Este artigo do ‘The Guardian’ abre o debate.