Filmes e Séries

Griselda Blanco não é ícone feminista como retratado: ela criou Pablo Escobar

Já existem muitos telespectadores que querem exaltar por ter chegado onde chegou, apesar de ser uma das piores criminosas da Colômbia.

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Hoje em dia, o termo ‘mulher empoderada’ é atribuído a personagens que estão longe de serem assim, pelo menos nas séries. E é isso que está acontecendo agora com a Griselda Blanco de Sofía Vergara, que é elogiada por “chegar longe em um mundo de homens”, mesmo interpretando uma das piores criminosas da Colômbia.

Este é o debate que agora está nas redes sociais. Existem tweets e opiniões onde os terríveis crimes desta pioneira da cocaína são esquecidos, interpretada por Sofía Vergara, que praticamente ajudou Pablo Escobar e foi a base para a criação de um dos piores cartéis já conhecidos: o Cartel de Medellín.

“Ouçam. #Griselda é viciante. E vou confessar: despertou em mim uma espécie de revanchismo de gênero. Muito forte, eu sei. Agora entendo um pouco da fascinação que alguns sentem por Escobar”, escreveu a atriz Cony Camelo referindo-se à série. Ela esteve na estreia e teve que limitar os comentários nas redes.

Existem apreciações semelhantes que têm gerado debate na Colômbia, um país assolado pelo estigma do narcotráfico e das narcosséries, que também criaram um perfil criminal de todos os colombianos que viajam para o exterior ou emigram: basta ver o que fazem com os turistas do país sul-americano no aeroporto Benito Juárez, no México, devido a esse estigma.

O perigoso de enaltecer mulheres criminosas

Embora não devamos cair no estereótipo de que apenas as mulheres podem ser boas, neste caso, romantizar criminosas tem o mesmo status para os homens. Assim como aconteceu com Pablo Escobar e seus fãs, o mesmo acontece com Griselda: eles cometeram assassinatos e atos indescritíveis e não devem ser exemplos de nada por causa disso.

Porque o mesmo poderia ser aplicado a outras mulheres infames da Humanidade, que por não serem narcotraficantes não têm o mesmo status popular, com exceção de Erzebeth Bathory, a 'Condessa Sangrenta', figura romantizada no vampirismo.

Mas mulheres como assassinas em série ou guardas infames dos campos de concentração nazistas como Ilse Koch poderiam ser incluídas na mesma categoria, apesar de essa instituição ser meramente patriarcal.

O que muitos estão se perguntando agora é se o ‘empoderamento’ também é válido quando se trata de cometer crimes e não superar desigualdades estruturais.

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