O uso de drogas que levam a dependência é um problema que aflige a sociedade e que tem muitas facetas. Ao contrário do que se pode pensar, toda e qualquer pessoa, independente se sua classe social e raça, está suscetível à adição de substâncias.
ANÚNCIO
E isso é o que mostra a série da Globoplay, agora em exibição todas as terças-feiras na Globo, “Onde Está Meu Coração”, que também desmistifica a ideia que o crack está presente apenas na esferas mais pobres e periféricas da sociedade.
Protagonizada por Letícia Colin, que vive a personagem Amanda Vergueiro, a produção conta a jornada da jovem médica, branca e família rica, em seu processo de reabilitação do uso de crack.
Os motivos que levam as pessoas a recorrerem ao uso de entorpecentes podem ser os mais variados. No caso de Amanda, as longas horas de trabalho, a pressão da profissão e um sentimento de culpa antigo após a morte do irmão na infância, são os potencializadores para que ela busque refúgio e conforto nas drogas.
Dependência X uso recreativo
Em “Onde Está Meu Coração”, Amanda começa a experimentar drogas junto com seu parceiro e amigos, em festas. Este ponto da série mostra como o uso de substância está presente em nosso cotidiano também.
Mas a linha entre o uso recreativo e a dependência de drogas pode ser bem tênue, em especial com o uso de crack, como explica em uma matéria publicada pelo UOL, o médico Marcelo Kimati, que coordena o núcleo interdisciplinar de estudos sobre drogas da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
“Como ocorre com outros entorpecentes, o dependente alterna fases de uso controlado, fissura (desejo pela substância) e abstinência (conjunto de sintomas físicos decorrentes da falta dela). O problema é que, devido à configuração química do crack, ele dá menos margem do que outras para fases intermediárias”, conta o médico.
ANÚNCIO
Da mesma maneira que os efeitos entorpecentes do crack podem ser sentidos de maneira muito rápida (em apenas alguns segundos), o prazer da droga também dura poucos minutos, o que leva os usuários a buscarem por mais.
Com isso, o corpo começa a criar tolerância à droga e são necessárias doses cada vez maiores. O primeiro uso da droga pode não levar a dependência, mas se tratando de uma droga tão potente, é muito difícil manter um equilíbrio entre o uso recreativo e o vício em crack.
Tratamentos
Segundo Kimati, o primeiro passo para tratar a dependência do crack é compreendê-la como uma condição crônica. O vício é algo que acompanha a pessoa pelo resto de sua vida, mas o controle adequado do problema o manterá saudável, por isso é importante entender também as condições psicológicas e sociais de cada usuário.
Ao contrário do que muitos pensam, a internação não é a única nem o principal meio de tratamento para pessoas dependentes de drogas. E isso tem uma razão, segundo Kimati.
“Isolar alguém em um ambiente fechado e diferente da sua zona de convívio pode ajudar em um primeiro momento, mas, quando o paciente sair da clínica, terá que lidar com a vida real, que inclui gatilhos e possibilidades de voltar para a droga”, explica o médico.
O que defendem especialistas em saúde, é que o tratamento deve ser feito de maneira interdisciplinar, envolvendo enfermeiros, psicólogos, psiquiatras e atividades que ajudem a pessoa a ressignificar a própria vida.
A abordagem deve respeitar a autonomia do usuário, ser isenta de discursos morais e considerar a narrativa e as necessidades de cada pessoa e a internação deve ocorrer quando todas as outras possibilidades já se esgotaram e o recomendando é que este “isolamento” não ultrapasse o período de um mês.
*Se você é uma pessoa que procura meios para tratar o seu vício ou conhece alguém que pode precisar de ajuda para encontrar a melhor solução, procure o CAPS ou atendimento do SUS mais próximo em sua cidade. O sistema público oferece mecanismos que podem ser uteis na sua jornada.
· · ·
+ SAÚDE E DROGAS:
Quanto tempo o álcool fica no seu sistema? Isso depende de vários fatores
Bebida alcoólica: veja 3 pontos-chaves do caminho e da ação do álcool no corpo
· · ·
Siga e compartilhe
Você gostou deste conteúdo? Então siga a NOVA MULHER nas redes sociais para acompanhar mais novidades e ter acesso a publicações exclusivas: estamos no Twitter, no Instagram e no Facebook.
Aproveite e compartilhe os nossos textos. Seu apoio ajuda a manter este site 100% gratuito. Cada contribuição é muito valiosa para o trabalho da nossa equipe de redatores e jornalistas.