Sexualidade

Ter orgasmos com menos frequência pode fazer com que as mulheres desistam de tentar, ampliando a “lacuna do orgasmo”

Uma pesquisa sugere que estamos em um “ciclo vicioso” quando se trata das diferenças de prazer entre homens e mulheres

Ter orgasmos com menos frequência pode fazer com que as mulheres desistam de tentar, ampliando a “lacuna do orgasmo”
Ter orgasmos com menos frequência pode fazer com que as mulheres desistam de tentar, ampliando a “lacuna do orgasmo” (Foto: Reprodução/Pexels)

De acordo com um novo estudo publicado na Sex Roles, a lacuna do orgasmo pela qual mulheres vem passando ao longo dos anos, pode ser um ciclo vicioso que se autoperpetua. Experimentar menos orgasmos faz com que as pessoas se acostumem com isso e esperarem menos orgasmos – fazendo com que as mulheres, que já estão em desvantagem, desistam de tentar.

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“Nossas expectativas são moldadas por nossas experiências, então, quando as mulheres têm menos orgasmo, elas desejam e esperam ter menos orgasmo. Se as mulheres diminuírem suas expectativas dessa maneira, mais a desigualdade do orgasmo pode perpetuar nos relacionamentos”, diz Grace Wetzel, do departamento de psicologia da Rutgers University, nos EUA, que é a primeira autora do estudo.

Segundo matéria publicada no site Swaddle, pesquisadores avaliaram as respostas de mais de 100 casais cisgêneros sexualmente ativos – cerca de 94% dos quais eram heterossexuais – e descobriram que os homens não apenas tinham orgasmos com mais frequência do que suas contrapartes femininas, mas também esperavam mais. Basicamente, experimentar orgasmos pouco frequentes para diminuir as expectativas das pessoas - e até mesmo o desejo de - orgasmos.

Infelizmente, isso significa que, dentro de uma parceria, a disparidade pode aumentar com o tempo, em vez de melhorar, se as mulheres que começaram com orgasmos pouco frequentes simplesmente pararem de dar importância ao seu próprio prazer sexual.

Outro estudo, publicado em janeiro, também investigou o impacto das experiências sexuais das mulheres em suas expectativas sexuais – especialmente no contexto da lacuna do orgasmo. Analisando as respostas de mais de 800 participantes heterossexuais, os pesquisadores concluíram que o desejo sexual das mulheres era menor do que os homens apenas se a primeira experiência sexual não fosse “agradável”.

“[R]experiências sexuais gratificantes moldam nossas expectativas sexuais… uma estreia sexual sem orgasmo pode ser uma parte comum da socialização sexual das mulheres, onde a atividade sexual pode ser desincentivada”, Diana Peragine, do departamento de psicologia da University of Toronto Mississauga, que foi a primeira autora desse estudo, explicou, acrescentando que as mulheres “tinham metade da probabilidade [dos homens] de relatar satisfação na primeira relação sexual e cerca de oito vezes menos probabilidade de ter um orgasmo… [É uma] estreia sexual que é mais frustrante do que é gratificante.”

Não é de admirar que a disparidade do orgasmo seja uma experiência tão onipresente e atemporal.

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Wetzel acredita que esta é uma “questão de igualdade de gênero”. Segundo ela, “a lacuna do orgasmo tem implicações para o prazer, o empoderamento, a satisfação sexual e o bem-estar geral das mulheres. As mulheres estão aprendendo a esperar e a se satisfazer com menos em suas interações sexuais com os homens”.

A solução: melhorar o direito das mulheres ao prazer, sugerem os especialistas.

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