Ver um menino brincando, explorando o mundo, revirando as gavetas, deixando tudo o que pode ao seu passo, correndo, pulando e fazendo travessuras, sabemos que é uma etapa em seu desenvolvimento, mesmo que isso implique que os pais estejam atrás deles para corrigi-los e seja um processo que cansa qualquer um.
Quantos pais já não se assustaram quando veem o filho muito calmo por muito tempo? Quantos, de repente, sentem uma tranquilidade em suas casas e quando procuram, é porque algo aconteceu com o filho? Isso já aconteceu com todos os pais alguma vez e muitos desejariam que aquele ser minúsculo fosse obediente e calmo.
Sabemos que um menino está vivendo sua infância de forma feliz quando grita, canta, pula, se suja e explora. Embora haja crianças mais inquietas, outras mais introvertidas talvez, mas se a um menino não se vê em momentos jogando e com ocorrências contínuas, pode ser sinal de alerta.
"O menino ou o adolescente que mais preocupa os psicólogos é o menino assintomático, aquele que nunca questiona nada e obedece a tudo", afirma Sylvie Pérez, professora colaboradora dos Estudos de Psicologia e Ciências da Educação da UOC.
Pais motivadores, não autoritários
De acordo com os especialistas em psicologia infantil, os pais têm a missão de descobrir as motivações dos seus filhos, que são aquelas que darão a personalidade, habilidades e preferências para a vida futura deles.
Também é responsabilidade notar o que os faz felizes e com base nisso, guiá-los, não limitá-los com o que nós gostaríamos que eles fizessem ou deixassem de fazer.
A psicóloga Paula Morales considera que as pautas educativas exageradamente autoritárias “limitam a habilidade do menino ou da menina para ser flexível, ter iniciativa, pensar, desenvolver uma capacidade crítica”.
O portal Mente Asombrosa chegou à conclusão em um reportagem que "a obediência cega não é o mesmo que a obediência inteligente. Especialmente quando é o medo que está por trás deste comportamento obediente e submisso".
Se ensinar ao filho de que o mais importante é agradar os outros e colocar suas próprias necessidades, critérios e desejos em segundo plano, nosso filho será uma criança infeliz e um adulto frustrado e fechado em si mesmo no futuro.
Como estabelecer limites
Psicólogos especializados no comportamento infantil concordam que é essencial que os adultos estabeleçam limites e regras que devem ser obedecidas, mas isso não significa ser autoritário.
"Os limites e regras estabelecidos desde a tenra infância com amor não provocam medo, mas sim respeito. As crianças respeitosas também são crianças felizes e aceitas em qualquer lugar", garantem.
Assim como em tudo na vida, as crianças também cometem erros e o ideal é corrigir o comportamento sem infundir medo ou ameaças, simplesmente fazendo-as entender que um comportamento está certo ou errado.
"Associamos comportar-se bem com obedecer e comportar-se mal com desobedecer, porque aplicamos no comportamento moral dos adultos aos nossos filhos", destaca a professora Pérez.
Cuidado com as palavras para corrigir
De acordo com o portal En Pareja, quando se sobreprotege e se educa sob ameaças ou chantagens, então as crianças não têm respeito pelos seus pais, mas medo, medo de que, ao não obedecer, serão punidos.
Razão pela qual é preciso ter cuidado com as palavras usadas ao corrigir, as ações tomadas quando algo é feito de forma errada, é preciso saber chamar a atenção da melhor maneira.
"Os pais sempre devem procurar a felicidade dos seus filhos, por isso é que devem permitir-lhes desfrutar a sua infância, isto não significa que se lhes permita quebrar as regras ou ultrapassar os limites do respeito, mas sim que devem educá-los com amor, compreensão, corrigir quando é necessário, mas procurando a melhor maneira de o fazer, dando-lhes confiança e não implantando medo", destaca Morales.
Em conclusão, deve-se deixar as crianças brincarem, se divertirem, sujarem suas roupas, gritarem, correrem, basta falar sobre os perigos tentando explicar-lhes as consequências de seus atos, “se você pular dessa forma, pode cair e se machucar”, mas não tentar que esteja como um robô o tempo todo num canto da casa sem se mover ou fazer barulho, que uma criança esteja em silêncio o tempo todo, não é sinônimo de criança feliz.