O último dia 30 de dezembro marcou um ano da lei que descriminaliza a interrupção da gravidez e, portanto, torna legal o aborto na Argentina. Após uma grande onda de protestos e manifestações, o país aprovou a prática em 2020, colocando o país entre os 67 no mundo todo que permitem o procedimento. Mas, para além de uma conquista social, a lei permitiu que a Argentina avançasse também em questões de saúde pública para as mulheres, como mostram os números do Ministério da Saúde de lá.
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Segundo o órgão, entre janeiro de 2021 e 30 de novembro do mesmo ano, foram realizados 32.758 interrupções em condições seguras no sistema público de saúde e aplicados 46.283 tratamentos com misoprostol (o comprido usado para induzir o procedimento), o que significa 150% a mais que em 2020. Desde que a lei foi aprovada, nenhuma morte em decorrência de abortos foi registrada no país.
Além disso, o número de postos de saúde e hospitais que garantem a interrupção da gravidez em todo o país também cresceu: neste ano são 1.243, ante 903 em 2020, um aumento de 30% nas unidades. A lei permitiu também a criação da Línea de Salud Sexual, um serviço telefônico do governo que esclarece dúvidas e orienta sobre saúde reprodutiva e sexual e que atendeu 19 mil pessoas somente neste ano.
Na prática, o que esses números traduzem, são um maior acesso ao sistema de saúde, maior qualidade de vida para as mulheres e uma melhora no acesso a informação para as argentinas, medidas que vão além da interrupção da gravidez em si, mas que orientam e cuidam da população em relação à sua saúde sexual e reprodutiva.
No Brasil
Aqui no Brasil, o aborto é permitido em apenas três situações: quando há risco de vida para a gestante, quando a gravidez é decorrente de estupro ou em casos de anencefalia (quando não há a formação de cérebro no feto). Ainda assim, milhares de mulheres morrem todos os anos devido a procedimentos inseguros e clandestinos.
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