Nos últimos meses o debate sobre a violência obstétrica - a violência sofrida por mulheres no momento do parto, tem ganhado força na mídia e nas redes sociais, mas o Ministério da Saúde parece ignorar o movimento contra a violência, além de ignorar recomendações internacionais sobre o procedimento.
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Nesta semana, o Ministério da Saúde, na figura do secretário de Atenção à Saúde Primária Raphael Câmara, anunciou o lançamento da sexta edição da Caderneta da Gestante. No entanto, o texto traz o preocupante estímulo a uma prática violenta e ultrapassada: a episiotomia, corte feito na vagina durante o parto para facilitar o trabalho do médico. Em 2018, a Organização Mundial da Saúde reconheceu que não há qualquer evidência científica que apoie a realização do procedimento.
Ao todo, serão distribuídos mais de três milhões de exemplares pelo SUS. Além de incentivar a episiotomia, a cartilha também preocupa por trazer informações que não são imprecisas, como a promoção de uma diretriz duvidosa ao ressaltar a amamentação exclusiva como método para prevenir uma nova gravidez nos primeiros seis meses após o parto, apesar de complementar que esta proteção não é plena.
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A episiotomia foi considerada uma forma de mutilação genital por Marsden Wagner, ex-diretor da área de Saúde da Mulher e da Criança da OMS. A prática, pode trazer uma série de prejuízos para a saúde da mulher, além de incentivar uma cultura machista com o “ponto do marido” após o parto.
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A violência obstétrica ainda é um problema para pelo menos metade das mães brasileiras. De acordo com a pesquisa Nascer no Brasil, 45% das gestantes atendidas pelo SUS no parto são vítimas de maus-tratos e a segue sendo realizada em mais de metade dos partos no Brasil por médicos em desacordo com as evidências científicas mais recentes.
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