A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de Santa Catarina, elegeu pela primeira vez, em 89 anos, uma mulher como presidente. O que deveria ser um momento histórico acabou se tornando uma situação complexa.
Isso porque, segundo reportagem do The Intercept Brasil, uma funcionária utilizou suas redes sociais para compartilhar uma denúncia contra Cláudia Prudêncio. De acordo com ela, a presidente da OAB de SC praticou assédio moral dentro da OAB, com gritos, xingamentos e ameaças.
A denúncia da funcionária foi confirmada, de acordo com o The Intercept Brasil, por três pessoas que trabalharam com a presidente. O relato de assédio foi feito antes de Cláudia se tornar presidente, mas isso não impediu que ela vencesse a eleição.
Na época, a então candidata fez um vídeo denunciando os “ataques criminosos” que estava sofrendo. Um colunista local, do Diarinho, chamou o conteúdo da denúncia de “falso”, “difamatório” e “força de baixaria” contra a chapa encabeçada por Prudêncio.
“O assédio no ambiente de trabalho contra as mulheres, seja ele moral ou sexual, é recorrente e com implicações psicológicas e sociais profundas, em alguns casos até mesmo irreversíveis”, disse Prudêncio antes de uma palestra na III Conferência Nacional da Mulher Advogada, em 2020. O tema da conferência era “Igualdade, Liberdade e Sororidade”. Em 2022, ela voltou a falar sobre o assunto em uma palestra em Brasília.
Lia Bueno, coordenadora de eventos, foi a primeira a denunciar o assédio de Claudia. “Ela [Prudêncio] se apresentou, disse que ia ser tudo lindo, foi super simpática. E depois disso foi só ladeira abaixo. Só grosseria, só grito”, relata Bueno. “O que mais marca são os gritos por telefone. Ela sempre afirmava ‘eu sou a presidente, eu que sei’”, ela me disse.
Lina revelou que chegou a entrar em depressão diante dos assédios. Ao relembrar da convivência com Prudêncio, diz que escutava com frequência a mesma indagação: “Tu é louca?”. E que, na maioria das vezes, tudo acontecia entre quatro paredes. “Ela cuidava muito para não fazer isso em público. Em um evento ou outro, ela gritou na frente de todo mundo, mas, dentro da OAB, ela fazia isso sempre dentro da sala dela”, relata Bueno.
Outro relato de assédio
Priscila, outra funcionária da Caasc que trabalhou com Cláudia Prudêncio, confirma que o ambiente de trabalho não era saudável. “O clima era de medo, muita pressão e ameaças”, fala.
Sônia, ex-dirigente da OAB catarinense, conta que, desde que Prudêncio assumiu a OAB, as reclamações entre os funcionários passaram a ser recorrentes. “Eles passavam constrangimento, eram xingados, humilhados. Quando ela fazia reuniões, eles ficavam totalmente apreensivos porque não sabiam como ia estar o humor dela. Eles trabalhavam o tempo todo nessa aflição, com medo de serem coagidos, de serem mandados embora. Ela criou um ambiente de desespero e pânico entre eles [funcionários]”.
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